Baby Futuro comenta sobre seu momento com a bolsa Capgemini de Liderança do World Rugby

A ex-estrela do rugby sevens falou de seu tempo no Programa de Liderança Feminina no Rugby da Capgemini e como isso está ajudando-a a criar um legado duradouro em sua terra natal

 

Tomar a decisão de se afastar do rugby internacional foi algo que Beatriz Futuro Muhlbauer agonizou, mas era natural que ela optasse por continuar envolvida com o esporte que ama.

Futuro tem sido parte do rugby feminino desde o início no Brasil, pegando uma bola oval pela primeira vez como adolescente e representando seu país no circuito da World Rugby Sevens Series, em três Copas do Mundo de Rugby Sevens e em uma Olimpíada.

Desde que pendurou as chuteiras há dois anos, Futuro desempenhou vários papéis na Confederação Brasileira de Rugby enquanto tentava ajudar a manter o crescimento da participação feminina em sua terra natal.

Isso só foi acelerado por seu envolvimento com o Programa de Liderança Feminina no Rugby da Capgemini, que ela credita por ajudá-la a identificar exatamente onde quer focar sua abundante energia.

‘Honestamente, acho que o programa me fez tomar algumas decisões’, explicou Futuro, carinhosamente conhecida como ‘Baby’.

‘Eu estava tipo, “Não, vou deixar rolar. Posso ver oportunidades aqui, ali”. Eu estava trabalhando em muitas frentes e tinha muitas portas abertas.

Mas este programa realmente me ajudou a focar no próximo passo e onde vou ter o maior impacto com toda a bagagem que tenho. Não bagagem de um jeito pesado, não é pesado, mas eu tenho essa responsabilidade.

Então, pensei que este programa iria me ajudar com as experiências que eu iria ter… porque o que eu entendi é que se tratava de rede de contatos.’

 

Plano de Ação

Aquela rede já está proporcionando um benefício tangível para Futuro e o trabalho que ela está fazendo para continuar a crescer o esporte no Brasil.

Ao ser aceita no Programa de Liderança Feminina no Rugby da Capgemini no ano passado, Futuro buscou conselhos das duas estudiosas anteriores do Brasil, Marjorie Enya e Natasha Olsen.

E em uma viagem a Paris, para o Capgemini Women in Rugby Leadership Summit em outubro passado, sua relação de trabalho com Olsen – e outros ex-alunos – foi fortalecida.

Durante o tempo que passaram no Campus Les Fontaines – Serge Kampf em Chantilly, França, Futuro e Olsen elaboraram dois pontos de ação para ajudar a impulsionar o rugby feminino em casa.

‘Eu me juntei com Natasha Olsen, que estava no programa no ano anterior ao meu, e fizemos um workshop e pensamos em algumas ações que faríamos. Então, saímos de lá com duas ações.

Uma era sobre criar mais conscientização e coisas assim para a comunidade. Usamos o Dia das Mães para fazer as mães falarem sobre por que elas querem que seus filhos joguem rugby e como o rugby as ajudou.

Foi legal porque era outro ponto de vista. Todo mundo aqui (no Brasil), pelo menos, pensa que o rugby é violento, então quando você tem uma mãe falando sobre um esporte como o nosso, para nós aqui, isso tem muito impacto.

Então, isso foi muito bom em março e a outra coisa que fizemos foi pedir à federação para ter mais jogos de 15s.

“Nós só começamos com o rugby de 15 jogadores há dois anos no Brasil. Não tínhamos jogos suficientes, então começamos de uma maneira diferente. Começamos com as seleções nacionais porque os estados não tinham pessoas suficientes para jogar entre eles.

Agora a ideia é ter jogos estaduais também, que são mais baratos, e foi um primeiro passo para ir para os nacionais. Então, antes íamos direto para os nacionais e agora temos jogos regionais, o que significa que o número de jogos aumentou.

Dado que o Brasil fez história em junho ao se classificar para a Copa do Mundo de Rugby Feminino 2025 pela primeira vez, é uma abordagem que parece estar funcionando.

Outra área do trabalho de Futuro que foi positivamente impactada por seu envolvimento com o Programa de Liderança Feminina no Rugby da Capgemini é o Projeto Nina.

Um programa social que usa o rugby como uma ferramenta para desenvolver jovens mulheres e meninas com idades entre sete e 17 anos, o Projeto Nina visitou 36 clubes ao redor do Brasil.

‘Nós tentamos criar uma estrutura para ter um espaço seguro para essas meninas, para ter pessoas que realmente entendam o mundo das meninas e tenham o apoio, como assistência social e psicólogos e todas essas coisas, e também rugby, é claro’, disse Futuro.

‘Tentamos criar uma plataforma onde possamos encorajar e capacitar as meninas, não apenas para jogar rugby e serem boas cidadãs e tudo mais, mas também para serem fisioterapeutas e administradoras e todas as outras áreas que temos em uma equipe.”

 

Crescendo o jogo

Para ajudar a expandir ainda mais a iniciativa, o mentor de Futuro no programa a colocou em contato com a ex-bolsista Gemma Fay, que é Chefe de Estratégia para Mulheres e Meninas no Scottish Rugby e também faz parte do Conselho da World Rugby.

‘Ela tem muita experiência no nível comunitário’, acrescentou Futuro.

‘O que eu quero ser é uma boa coordenadora de projetos de desenvolvimento e estou ansiosa para ganhar alguma experiência na Escócia, e talvez na Espanha, se meu dinheiro permitir.’

Antes dessas possíveis viagens, Futuro passou um tempo em Paris em julho e agosto, como apresentadora do canal brasileiro no YouTube CazéTV durante os Jogos Olímpicos.

Os Jogos ocupam um lugar especial no coração de Futuro, tendo participado do torneio inaugural de rugby sevens feminino no Rio 2016.

Foi a oportunidade de jogar naquele palco, em sua cidade natal, que a manteve no esporte. Uma criança atlética, ela praticava capoeira, natação e corrida junto com o rugby antes de uma chama ser acesa dentro dela em 2009.

‘Eu nunca pensei que seria uma atleta olímpica um dia quando estava lá com 13 anos’, acrescentou Futuro.

‘Mas quando o rugby se tornou um esporte olímpico, foi quando eu pensei: “OK, é isso que eu vou fazer”.

‘O primeiro torneio sul-americano foi em 2004 e eu era a mais jovem da equipe, então estou lá desde o início. Foi legal.’

Futuro pode fazer parte do passado do esporte, mas ela também está desempenhando um papel integral no presente e no futuro, enquanto se esforça para tornar o rugby feminino no Brasil mais forte.

 

Texto: World Rugby

Foto: Fotojump