Brasil Rugby contrata neozelandesa, e Yaras terão Head Coach mulher pela primeira vez em sua história

De origem maori, Crystal Kaua estreia no comando da seleção feminina ainda este mês, no Sul-americano de Rugby Sevens

 

A Brasil Rugby anuncia a contratação de Crystal Kaua como nova treinadora da seleção brasileira feminina de rugby sevens. A comandante neozelandesa, de 40 anos, assume o lugar do britânico Will Broderick e se torna a primeira mulher na história a treinar as Yaras. Crystal iniciou sua carreira como treinadora no clube Mie Paerls (Japão), integrou a comissão técnica das Black Ferns nos Jogos Olímpicos de Tóquio, onde conquistaram a medalha de ouro, e passou os últimos quatro anos no Chiefs Manawa (Nova Zelândia), onde se sagrou vice-campeã nacional na última temporada do Super Rugby Aupiki, a grande liga neozelandesa.

“Estou empolgada e honrada por assumir essa posição nas Yaras e contribuir com o rugby brasileiro. É um desafio ímpar e uma grande oportunidade de construir estruturas sólidas para a equipe. Vejo um potencial incrível nas atletas: elas têm coração, vigor físico e vontade de se testarem até o limite. É um grupo que busca novos desafios e quer mostrar um jogo cada vez mais veloz, imprevisível e aberto. Tenho o objetivo de ajudar a abrir portas e darmos um passo adiante, sendo ainda mais competitivas contra as melhores seleções do mundo”, diz a nova treinadora.

Crystal Kaua integra também o programa de desenvolvimento de treinadoras para o alto rendimento promovido pela World Rugby, sob a mentoria de um dos principais nomes da modalidade: o compatriota Wayne Smith, ex-comandante dos All Blacks, seleção masculina da Nova Zelândia. Com a oficialização de Crystal, o Brasil se torna apenas a segunda seleção da elite do rugby sevens feminino a ter uma mulher no comando, ao lado dos Estados Unidos.

“Ser uma das primeiras mulheres a dar esse passo e assumir uma equipe do Circuito Mundial tem um significado imenso. É uma honra, mas também uma grande responsabilidade. Espero inspirar as atletas e todas as mulheres que desejam seguir carreira no rugby. Juntas, representaremos o Brasil com muito orgulho no cenário internacional”, afirma.

A estreia da treinadora no comando das Yaras ocorre ainda este mês, nos dias 26 e 27, com a disputa do Campeonato Sul-americano de Rugby Sevens, em Lima (Peru). Já no fim de novembro, a seleção feminina inicia sua participação na nova temporada do Circuito Mundial de Rugby Sevens (SVNS), em Dubai (Emirados Árabes Unidos). A equipe vem da melhor participação de sua história no Circuito Mundial: 7º lugar em uma das etapas e 10º lugar geral. Além disso, conquistou a medalha de bronze nos Jogos Pan-americanos de Santiago, em 2023, e ficou em 10º nos Jogos Olímpicos de Paris, no último mês de julho.

“É um momento empolgante e desafiador do nosso rugby, especialmente para as Yaras. Estamos montando um grupo numeroso e forte de atletas, que sejam capazes de se dividirem entre o rugby sevens e o XV, após a classificação inédita da equipe de XV para a Copa do Mundo de 2025. Será um trabalho duro, com duas comissões técnicas trabalhando em conjunto para que tenhamos as melhores jogadoras para cada modalidade”, analisa o coordenador técnico das seleções brasileiras, Josh Reeves, mencionando a seleção de XV, sob o comando do uruguaio Emiliano Caffera.

 

Troca cultural como ingrediente

Tanto a seleção feminina como Crystal Kaua têm ligações com povos originários de seu país. Quando atleta, a treinadora defendeu a seleção maori da Nova Zelândia; já a Yara, sereia guerreira amazônica, é símbolo da equipe brasileira.

“A história da Yara tem origens indígenas e faz parte da cultura brasileira. O rugby se tornou o esporte no Brasil que carrega em seus símbolos a matriz cultural indígena e temos muito orgulho disso. Neste ano, consolidamos nossos laços com os povos originários em várias ações, como no lançamento do uniforme das Yaras para os Jogos Olímpicos, em evento no Museu das Cultura Indígenas. Nossos uniformes já carregam iconografia indígena, e o projeto está evoluindo a cada ano no sentido de maior representatividade. A valorização constante da cultura maori no esporte neozelandês sempre foi inspiração para nós e saber que a Crystal se identificou com o projeto da identidade de nossa seleção é mais um ingrediente que nos anima demais com o início do trabalho dela”, aponta a CEO da Brasil Rugby, Mariana Miné.

“Como mulher maori, estou particularmente empolgada em aprender mais sobre a cultura e a história do Brasil. Quero aprender o idioma e mergulhar de vez na cultura do país”, finaliza Crystal Kaua.