Brasil alcança sua melhor posição no Ranking da World Rugby, mesmo com virada do Uruguai
Tupis jogam de igual para igual contra os Teros, em partida que levou os brasileiros ao 24º lugar no Ranking da World Rugby, sua melhor colocação na história
A Seleção Brasileira de Rugby XV continua mostrando ao mundo a sua evolução. No sábado, 9 de março, a equipe dominou o primeiro tempo contra o Uruguai, uma das grandes forças da modalidade no continente, mas acabou derrotada por 42 a 20, em partida realizada em Montevidéu (URU). O jogo, no Estádio Charrua, marcou a despedida dos Tupis da temporada 2019 do Americas Rugby Championship e os brasileiros têm muito a comemorar, a começar por terem alcançado o 24º lugar no ranking da World Rugby, sua melhor posição na história.
Para conquistar tal feito, os Tupis se valeram não apenas de suas boas apresentações no ARC, mas também das derrotas de Bélgica e Holanda para Espanha e Portugal, respectivamente. O Brasil terminou o principal torneio da modalidade no continente na quarta colocação, com 9 pontos e duas vitórias em cinco jogos. Os números não mostram, mas em campo os brasileiros provaram sua enorme evolução, batendo de frente contra adversários muitos mais fortes, como Estados Unidos e o próprio Uruguai, mesmo jogando fora de casa. O scrum brasileiro, ponto forte do time, virou notícia mundial, com destaque inclusive na imprensa da Austrália e da Nova Zelândia, as maiores referências do rugby. A World Rugby também elogiou o scrum dos Tupis algumas vezes em suas redes sociais.
“O saldo do ARC foi positivo e nos preparamos muito bem para esse momento. Tivemos um banho de água fria contra a Argentina, no primeiro jogo, levando pontos que não esperávamos. Mas foi importante, também, para colocarmos os pés no chão. E a sensação que fica é que se dermos 100%, se o time funcionar, a gente pode ganhar mais jogos e fazer muito barulho ainda”, disse o capitão dos Tupis, Arthur Bergo.
“Gostaria de destacar nosso scrum, que foi muito bom. E, fazendo um balanço da equipe inteira, a gente amadureceu em muitos momentos. Agora precisamos ser mais consistentes durante 80 minutos. Temos flashs de bons momentos, que se perdem ao longo do jogo, e isso ainda precisamos corrigir”, complementa.
O jogo
Os brasileiros começaram o jogo pressionando o Uruguai, mostrando que não estavam na partida para brincar. Logo nos minutos iniciais os Tupis abriram o marcador em penal de Josh, mas logo viram os donos da casa responderem na mesma moeda, com Berchesi. Os brasileiros, entretanto, continuaram pressionando e chegaram ao primeiro try do Tanque, após ruck próximo ao ingoal uruguaio, colocando 8 a 3 no placar.
Mesmo na frente, os Tupis não diminuíram o ritmo e seguiram pressionando. Aos 22 minutos, o Brasil sofreu um penal a 5 metros do ingoal adversário, e Daniel Sancery foi rápido para marcar o segundo try brasileiro, este convertido por Josh, para abrir 15 a 3 no placar.
A partir daí os uruguaios iniciaram uma reação, com novo penal de Berchesi. Na sequência, o árbitro Moe Chaudry fez uma série de decisões confusas, que acabaram prejudicando o Brasil. Primeiro, deixou de marcar um passe uruguaio feito claramente para frente. Na sequência, se confundiu com o relógio e encerrou o primeiro tempo aos 28 minutos de jogo. Avisado pelos colegas de arbitragem, voltou atrás. Após os equívocos, os donos da casa foram ao ataque e chegaram ao seu primeiro try, em maul definido por Kessler, fechando o placar de 15 a 11 para os brasileiros no intervalo.
Na volta do segundo tempo, os donos da casa se jogaram ao ataque, com Berchesi novamente convertendo penal, encostando no placar. O Brasil ainda teve forças para chegar ao terceiro try, com Zé, pela ponta direita, após scrum embaixo das traves uruguaias, para abrir 20 a 14.
Mas, então, o Uruguai cresceu e prevaleceu, virando o placar com um try de Lamanna, convertido, e outro de Juan Manuel Cat. Os Tupis tentaram reação e quase chegaram novamente ao ingoal, mas Ariel foi impedido por Vilaseca, em tackle na altura do pescoço, que rendeu cartão vermelho ao adversário. O Brasil tentou o scrum, mas a defesa adversária bem postada levou ao erro, com knock-on. No contra-ataque, os Teros marcaram seu quatro try, novamente com Kessler, para abalar mentalmente o Brasil. Ainda houve tempo para Ormaechea marcar o último try do jogo, para o Uruguai, quando os brasileiros já acusavam o cansaço, determinando o placar final de 42 a 20.
“Fizemos um ótimo primeiro tempo, com 20 minutos impecáveis. Mostrando que podemos ser um time maduro, mas, ao mesmo tempo, fomos indisciplinados e isso nos custou o jogo”, finaliza Bergo.
Apesar do revés, os Tupis saem de cabeça erguida do ARC 2019. Além das duas vitórias, contra Canadá e Chile, e das ótimas apresentações contra Estados Unidos e Uruguai, os Tupis tiveram o maior pontuador do torneio: Josh Reeves, que chegou aos 54 pontos anotados em cinco jogos, se tornando o maior artilheiro da história de uma edição do Americas Rugby Championship.
O ARC 2019 terminou com a Argentina em primeiro lugar, com 25 pontos, seguida pelo Uruguai, com 18, e Estados Unidos, com 17. O Brasil terminou em quarto lugar, com 9 pontos, contra 7 do Canadá e apenas 1 do Chile.
Uruguai 42 x 20 Brasil – 5ª rodada do Americas Rugby Championship
Estádio Charrua, em Montevidéu – Uruguai
Brasil: 1-Jardel Vettorato, 2-Yan Rosetti, 3-Murilo “Nelson” Rebolo, 4-Gabriel Paganini, 5-Luiz “Monstro” Vieira, 6-Cléber “Gelado” Dias, 7-Arthur Bergo, 8-André “buda” Arruda, 9-Lucas “Tanque” Duque, 10-Josh Reeves, 11-Roberto Tenório, 12-Moisés Duque, 13-Lorenzo Massari, 14-Lucas “Zé” Tranquez e 15-Daniel Sancery. Suplentes: 16-Walter Schildberg, 17-João Talamini, 18-Pedro Bengaló, 19-Michael “Ilha” Oliveira, 20-Alexandre “Texugo” Alves, 21-Douglas Rauth, 22-Stefano Giantorno e 23-Ariel Rodrigues
Imagem: Dejandotodo UY