Seleção Brasileira Feminina de Rúgbi Traça Objetivo Ousado para a Rio-2016
Os limites da América do Sul são pequenos para a seleção brasileira feminina de rúgbi-7 (olímpico). Ontem, esta tese foi novamente confirmada com o título do evento-teste, em Deodoro, que valia pelo Sul-Americano da modalidade. Na grande decisão, elas derrotaram a Argentina, por 27 a 5. Invictas no continente, foi a 11ª vez que as brasileiras venceram o torneio. Agora, o desafio é aumentar a projeção no cenário internacional. E a meta para os Jogos do Rio é ousada: chegar na sexta colocação entre as 12 seleções. Seria algo inédito para a modalidade, mas não é um objetivo distante.
– Atualmente, estamos em 10º no ranking mundial. Mas já alcançamos o oitavo lugar em etapas do circuito. Portanto, para a Rio-2016, estaremos satisfeitos se terminarmos no top 10, esse foi o nosso acordo com o COB. Mas sabemos do nosso potencial e evolução… Então, estamos mirando um sexto lugar. É um objetivo difícil, mas não impossível – disse Sami Arap, presidente da Confederação Brasileira de Rúgbi (CBRu).
Para chegar ao top 6 neste retorno da modalidade ao programa olímpico após 92 anos, as brasileiras já estão com o caminho traçado.
– Nos Jogos, precisamos vencer Inglaterra, França ou Rússia para chegarmos perto do top 6. Este seria o nosso passo a mais. Pois são seleções mais fortes, mas que o Brasil joga de igual para igual e tem totais condições de vencer. A Rússia, inclusive, nós já vencemos uma vez – conta o presidente.
Jogadora mais experiente da seleção e presente em todos os títulos sul-americanos, Paula Ishibashi afirma que o sexto lugar nos Jogos é algo que já está sendo “martelado” diariamente na cabeça das jogadoras.
– A seleção vem progredindo muito nos últimos anos. Por exemplo, antes não pontuávamos contra algumas seleções top do circuito, mas hoje já estamos conseguindo. A forma como estamos conseguindo segurar o jogo também está mudando – afirma Paulinha, como é mais conhecida.
A supremacia no continente é, entretanto, curiosa, pois o país não tem tradição no esporte. A Argentina, em contrapartida, está entre as melhores do mundo no rúgbi masculino. No entanto, as hermanas nunca conseguiram derrotar as brasileiras. Sami explica que o rúgbi na Argentina – apesar de estar mudando – “sempre foi visto como um esporte para homens”, o que deixavam as mulheres de lado. No Brasil, pelo fato de não ser tão conhecido, as mulheres não sofrem muito preconceito, o que ajuda no crescimento. Isto ajuda, mas não é o suficiente para explicar a evolução do rúgbi feminino nacional.
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– Sempre vencemos os Sul-Americanos. E isso ajudou a atrair interesse para o esporte, pois a vitória é muito valorizada no Brasil. Se tivéssemos conquistado um terceiro lugar ou algo do tipo, acho que não seria a mesma coisa – pensa Paulinha.
TERCEIRO ESCALÃO
A gestão pela CBRu também ajuda. Apesar do esporte não ser popular, a entidade conta com 15 patrocinadores, entre empresas nacionais e internacionais, além de outras sete apoiadoras. As movimentações financeiras da entidade são transparentes e expostas no site, o que dá mais credibilidade ao esporte. O intercâmbio com estrangeiros também mostrou resultados.
– Na América do Sul, estamos no primeiro escalão. Depois, vem Argentina e Colômbia. Mas todas as seleções estão evoluindo – informa o neozelandês Chris Neill, técnico das brasileiras, falando também sobre o cenário internacional. – No mundo, estamos em um terceiro escalão. Estamos evoluindo, mas as outras seleções também estão. É algo muito dinâmico.